top of page
Buscar
  • Foto do escritorMarcela Picanço

duda, não empurre a angústia para debaixo do tapete

Se não fosse a décima vez que duda empurrasse as angústias para debaixo do tapete, eu diria que tudo bem. Tem problema não, duda. Amanhã já passou. Angústias superficiais são mais fáceis de fazer sumir entre a poeira e o vão das tábuas de madeira. Ser sincero é sempre bom e dá um alívio danado, mas engolir sapo e depois esquecer pode ser mais fácil do que se dar o trabalho de resolver. Mas outras angústias, daquelas que fecham a garganta e nos fazem chorar no banheiro do trabalho, essas devem ser resolvidas. E essas são as mais difíceis, por nos custarem preços altos que devem ser pagos, porque a conta chega. Às vezes chega disfarçada de cansaço, às vezes até de doença.


Não adianta. A vida tem camadas e camadas, nada é preto no branco. E duda preferia fingir que aquilo tudo ia passar em algum momento sem precisar resolver. Viu, ta pronto, ta tudo normal. Mas de repente não estava mais. E quando achava que nada aconteceria, tudo que socou no fundo com esperança de não ver nunca mais, de repente subiu pelo ralo e ficou na superfície dos sentimentos, ali, escancarado pra todo mundo ver.


E em vez de entender por que aquilo voltou à tona, simplesmente passou um pano com veja e decidiu que estava tudo limpo e de volta no lugar. Mas até quando, duda? Até quando você vai conseguir se enganar enquanto permanece seguindo sem entender quais foram os verdadeiros motivos da sua perda? Até quando os conselhos vão parecer suficientes para resolver questões que estão tão intrinsecamente relacionadas, amarradas e já então deturpadas pela sua própria visão míope?


A pergunta “o que você quer?” estremece a espinha por você não conseguir decidir mais nem isso. Metade da história você sentiu e outra você inventou. Mas como dizer qual é qual? É foda, duda. Mas para ver com clareza é preciso acender a luz e até chegar lá é tudo escuro mesmo.



6 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

A resposta que eu procurava

Eu sempre tive muito medo da vida real. Tinha medo de não conseguir me sustentar sozinha no Rio, tinha medo de viver uma vida vazia, de não conseguir me encontrar, de não ser capaz, de decepcionar. Le

bottom of page