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  • Foto do escritorMarcela Picanço

Bárbara Teles: a garota que se entendeu com o tempo

Esse é um texto da série "Pessoas que inspiram pessoas", um projeto em que me dediquei a entrevistar pessoas inspiradoras.


Existem pessoas que enxergam o mundo através de um prisma importantíssimo: o da empatia. Bárbara é uma delas. Dona de um sotaque não esconde sua origem mineira, cresceu tendo como paixão a natação, mas acabou optando por cursar jornalismo na faculdade. Era muito elogiada pela forma como conseguia se expressar, mas ela queria algo mais. As palavras seriam apenas veículos de entrega para toda a inquietação que carregava.

O fato de ter nascido em uma família humilde que ofereceu a ela uma oportunidade de vida diferente, a faz ter ideia do privilégio que teve e usa isso como combustível. Não é à toa que Bárbara transformou isto no seu propósito de vida: Ajudar as pessoas a encontrarem seu potencial de realização. Este ano, Bárbara criou a Paxe, uma empresa que pretende ajudar pessoas e organizações a reencontrarem o próprio caminho de transformação.

Tenta desmistificar a ideia de que você precisa ser necessariamente remunerado para fazer o que acredita, afinal é possível trabalhar com algo que pague suas contas e exercer seu propósito de outra forma.


Nessa mesma vertente, em março deste ano lançou seu primeiro livro de crônicas. Um compilado sobre seus últimos 10 anos com passagens pela Líbia, Europa, Ásia, Norte e Nordeste do Brasil, entre outros. Hoje conta sobre ele com o maior orgulho, afinal, a caminhada foi longa.


Eu desconfio da palavra sorte, mas Bárbara diz que a sincronicidade entre os acontecimentos da sua vida é algo que não pode ser ignorado. Depois que aprendeu a se respeitar e a se ouvir, o timing de tudo mudou. Toda vez que tomou uma decisão baseada no que alguém queria, as coisas não fluíram bem. Hoje se policia para ficar em silêncio e se escutar melhor.


Fazer isso atualmente é bem desafiador. Com tanta informação, tantas vidas sendo contadas e tantas possibilidades, fica até difícil distinguir nossos próprios sentimentos. Justamente por causa disso, Babi prefere tirar mais proveito do analógico. Aos domingos, desliga qualquer tipo de aparelho eletrônico e dedica o dia todinho a si mesma. Ela diz que é uma forma de fazer um download da experiência da semana. Quanto maior o silêncio, mais alta fica sua voz interior.


Trajetória

É claro que esse autoconhecimento todo foi obtido ao longo da caminhada, que cá pra nós, não foi linear ou fácil. Saiu de BH aos 22 anos para morar em São Paulo, depois foi chamada para trabalhar em uma multinacional que a levou para a Líbia, no norte da África, onde viveu um ano e meio e aprendeu tudo que pôde sobre recursos humanos.

De lá, foi direto para o Maranhão para comandar um projeto da mesma empresa, mas de repente se viu em uma vida onde ela mesma não cabia mais. Não tinha mais tempo, não fazia mais esporte, não tinha vida pessoal. Mas pra que?


Essa foi a pergunta crucial que se fez antes de pedir demissão e voltar para BH sem ter a menor ideia do que fazer da vida.


E já que tudo é caminho se você não sabe pra onde ir, Babi resolveu se divertir no carnaval no Rio de Janeiro e viver em 5 dias toda a liberdade que se privou nos 5 anos anteriores.

Em seguida, pegou o dinheiro que tinha guardado nesse tempo todo trabalhando e resolveu tirar um ano sabático, sem nem saber o que era isso. Se inscreveu em um curso de empreendedorismo nos Estados Unidos e ficou maravilhada com o que aprendeu. Não era possível que existissem todas aquelas possibilidades para o futuro!


Decidiu que tinha que voltar para o Brasil e botar em prática tudo que descobriu. Mas antes quis aproveitar para viajar pelos Estados Unidos e, pasmem, foi fazer isso tudo de ônibus e sozinha. Foi de Boston até Miami, depois subiu o país todo pelo meio, ficado poucos dias em cada cidade.


Voltou para o Brasil como parceira de um americano, mas a iniciativa não foi para frente. Depois passou mais dois meses em São Paulo tentando entender o que queria fazer. Ela conta que passou algumas semanas chamando pessoas para tomar café com intuito de entender mais sobre elas e sobre si mesma. Aliás, tomem cafés com as pessoas. Insights incríveis podem surgir desses encontros.


E como vocês já devem ter percebido, um fato puxa o outro na vida da Bárbara. Durante um evento de trabalho, foi taggeada no Facebook e um amigo dela de longa data viu. Resolveram se encontrar em um café.


“Fechou, Babi, eu e mais quatro amigos estamos com uma ideia de abrir uma empresa que é uma startup de recrutamento e seleção e está faltando a pessoa que é de RH.”

E foi assim que saíram do café com a equipe pronta para dar início à 99jobs.


Se isso não é sincronicidade, meus amigos, eu não sei o que é. Eu me arrepiei toda vez que ouvi de novo o áudio da entrevista e estou arrepiada agora. Porque a vida pode ser muito louca e muito boa se você estiver aberto.


Para resumir de lá até agora, depois de dois anos maravilhosos com a 99jobs brilhando, foi chamada para uma fazer parte de uma consultoria que trabalhava com educação. Ficou três anos lá, mas sua inquietude a fez pedir demissão pela terceira vez.


Depois de mais mil cafés, uma amiga dela disse “você já ajudou tanta gente, empregou tanta gente. As pessoas é que deveriam pagar para tomar café com você”. Dessa conversa, surgiu a ideia de fazer a Paxe, o projeto que ela se dedica hoje em dia que eu falei lá em cima.



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