
Eu sei, eu sei.
Esse não é um blog de moda. Mas eu preciso falar sobre a loja Maria Tangerina.
O mundo de repente mudou e aquela fase de querer ter um closet enorme simplesmente passou e finalmente ficou brega. Estamos vendo que os recursos estão se esgotando, não é possível continuar consumindo como se não houvesse amanhã. Não tem mais espaço pra lixo, não tem mais espaço pra toda essa super produção e tem o pior: descobrimos que marcas de roupas que a gente a-m-a-v-a usam mão de obra escrava pra gente poder comprar uma calça por uma pechincha. Por causa disso, pessoas inteligentes e mega interessantes resolveram investir em outro caminho. E é por isso que cada vez mais estamos em contato com marcas independentes, que fazem seus produtos à mão e com muito amor. Além de serem produtos lindos e originais, sabemos que não estamos fazendo mal nenhum ao planeta e muito menos a um ser humano.
Com esse intuito, surgiu a Maria Tangerina, uma loja de bolsas lindas que cria todos os seus produtos à mão. Ela não tem uma loja fixa, por isso, a MT sempre aparece em feiras de produtos independentes e vende, principalmente, online, através do site. Coincidentemente, quem criou a Maria Tangerina, foi a Priscila Cortez, uma carioca que virou minha amiga no ensino médio e foi fazer faculdade de moda em São Paulo. Naquela época, a gente se prometeu que nossos trabalhos se cruzariam algum dia. Ela prometeu que faria meu vestido quando eu fosse receber o Oscar. Acontece que a vida nos leva pra caminhos diferentes e, apesar de eu ser atriz e ela trabalhar com moda, a gente nunca pensou que ia chegar até aqui. Talvez não dessa forma. Outro dia, a Maria Tangerina fez o apoio do filme, La Duda, que eu participei e agora eu vou divulgar esse trabalho lindo por aqui. Porque eu acho que todo mundo tem que conhecer esse tipo de marca independente que é sustentável e ainda tem um preço super justo.
Para manter minha palavra e simplesmente porque sou apaixonada pela ideia da Maria Tangerina, resolvi entrevistar a Priscila, pra vocês conhecerem quem é a pessoa por trás de um trabalho tão bem feito, que ta crescendo super rápido.
[Priscila Cortez] Não é fácil, mas é uma delícia. A gente tem planos de se tornar cada vez mais sustentável, usando materiais que não causem impacto ambiental, gastem pouca água, mas não é fácil encontrar matérias primas que se encaixem nesse conceito por aqui, elas existem mas são muito pouco divulgadas. Mas continuamos na nossa caçada pela matéria prima ideal!
[De Repente dá Certo] Se você se visse hoje quando tinha 17 anos, o que você pensaria?
[Priscila Cortez] Nossa, isso é uma coisa que eu sempre tento imaginar. A Pri de 17 anos talvez não acreditasse onde a Pri de 24 chegou… eu ainda tenho muito arroz com feijão pela frente, mas eu estou bem feliz com o caminho que eu estou traçando. Talvez eu com 17 ficaria um pouco frustrada por não estar fazendo algo mais ligado à moda, mas eu sou muito feliz por não ter insistido nessa ideia! A Maria Tangerina não tem muito de moda na sua essência e isso me deixa muito mais tranquila e segura pra fazer o que eu sinto que vai dar certo, sem seguir a cor da estação ou o top 10 tendências. Na verdade, eu sinto que a própria moda tá saindo de moda, não existe mais todo aquele burburinho envolvendo as tendências do ano, e isso é maravilhoso!
[Priscila Cortez] Pra casa da minha mãe com certeza. Eu podia responder alguma coisa mais misteriosa, mas não seria verdade! hahaha
[De Repente dá Certo] Podendo escolher qualquer pessoa no mundo, quem você convidaria para jantar?
[Priscila Cortez] Acho que pra gente sempre foi tudo muito fácil, muito acomodado, demorou muito pra eu conhecer pessoas da minha geração que não estavam presos dentro de uma caixinha vivendo a vida exatamente do jeito esperado. Foi a Maria Tangerina que me trouxe um choque de realidade de verdade. Comecei a me comunicar com muita mais gente, fazendo todo tipo de coisas e tentando sair desse lugar comum. Acho que toda essa facilidade pra tudo não ajuda muito, a gente tem que se arriscar mais.
[Priscila Cortez] Não sei se a moda em si, mas descobrir quem você é, do que você realmente gosta e conseguir comunicar isso através do que você usa é muito importante. Isso pra mim é o conforto, e quando você tá confortável você pode ser você mesma, aí a auto estima vem quase que naturalmente. Eu só entendi isso e comecei a viver isso quando eu decidi que a moda (a moda vendida pra padronizar e colocar cada um em sua “tribo”) não em representava, eu vi que me vestir com coisas que não tinham muito a ver com o meu corpo ou com a minha personalidade só pra “estar na moda” não me levava a lugar nenhum e ainda me deixava bem cafona. Hoje eu sou mais tranquila quanto ao que eu visto e sou bem mais feliz assim.