
As imagens são lindas, a fotografia incrível, figurino impecável e o texto de tirar o folego, porque cada frase parecia um soco no estômago. Eu ia me identificando com tudo que a voz off dizia. As cenas casam perfeitamente com a narração e mesmo na hora que você acha que se perdeu, de repente você percebe que entendeu tudo.
É confuso mesmo, porque a história narra o dilema que existe na maioria de nós e é difícil aceitar viver fora da “caixinha” e fazer o que a gente realmente acredita. Fazer um filme desses demonstra a coragem e vontade de cada um dos envolvidos de fazer as coisas do próprio jeito.
O Artur me contou que esse foi o dilema dele. Poderia ter trabalho na empresa do pai, ter uma vida estável e pra ele estava tudo bem, até que ele deu um estalo e decidiu que tinha que mexer com algo criativo. Ele precisava produzir algo. Esse é o primeiro filme do Artur como diretor e roteirista, mas todo mundo sabe que criar um filme do nada e com pouco dinheiro faz dele um pouco produtor também, porque teve que correr atrás de várias coisas. Mas quem foi o produtor mesmo do filme foi o Guilherme Bolo Meirelles. O Artur disse que esse filme só aconteceu e ficou bonito desse jeito por causa do Guilherme e da Luana Duque, que nunca aceitou um “não” e assim foram conseguindo as locações, equipamentos e um milhão de autorizações que precisam.
O nome Fumaça e Musgo é uma metáfora entre a estabilidade e a liberdade. A fumaça é livre, viva e se espalha por todo lugar. Já o musgo é algo estático e sem vida. A analogia é linda e visualmente falando, as cenas onde esses elementos aparecem são incríveis.
Ah, esqueci de dizer que o roteiro é do Artur, mas a voz off, que narra o filme, foi escrita pela Clara Abrahim, uma escritora/poeta carioca que ganhou meu coração depois que eu ouvi os relatos que ela fez pro filme, mas quase achei que ela tinha tirado dos meus pensamentos.
Texto publicado originalmente na NOO.